Início – minha história com meu cabelo
Eu nunca fui alguém que odiasse seus cachos. Sofri bastante na escola por isso, mas pra mim, alisar o cabelo com química nunca me pareceu uma solução prática.
O fato de eu não ter alisado o cabelo não quer dizer que eu tive um bom relacionamento com minhas molinhas durante toda a minha vida. Longe disso.
Dos cachos com franjinha (penteada com muito cuidado e carinho por minha mãe) na infância, para rabos de cavalos constantes na pré adolescência, passando por um cabelo estilo joãozinho por volta dos 12 anos, que se seguiu de um pesadelo intenso onde eu não fazia ideia do que fazer com o cabelo que crescia… Já vivi de tudo com esse cabelo. Aos 16 anos ele cresceu, aos 17 cortei um chanel bem curto e desde então estou tentando deixar crescer… estou beirando os 30 anos e o cabelo nunca que passou muito dos meus ombros.
Também, coitado, ele nunca soube o que é ser cuidado e não tinha forças para crescer.
Apesar de nunca ter alisado meu cabelo, sinto que há dois anos comecei a passar por uma transição capilar. A transição não foi uma mudança de textura nos meus fios, mas sim no meu relacionamento com meus cachos. Desde meus 15 anos eu sempre “cuidei” do meu cabelo, mas ele nunca estava realmente saudável, forte e hidratado.
Experiência
Tentando entender como eu poderia deixar meu cabelo com mais saúde, conheci os métodos no e low poo em março de 2015. O low poo elimina do dia a dia o uso de silicones insolúveis, petrolatos, sulfatos e diversos outros ingredientes que os shampoos e condicionadores convencionais possuem. O no poo vai além e restringe ainda mais o número de “químicos” usados na limpeza e nos cuidados dos fios. Acredito que hoje em dia todo mundo já conhece as técnicas, mas para quem quiser esclarecer melhor como cada uma funciona, tem esse vídeo aqui da Mari Morena que é direto e completo.
Além de adotar a técnica do low poo, também adotei um cronograma capilar, mais ou menos assim:
Segunda | Terça | Quarta | Quinta | Sexta | Sábado | Domingo |
Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Não lavar | Hidrata | Não lavar | Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Nutre | Não lavar |
Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Não lavar | Hidrata | Não lavar | Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Reconstrói | Não lavar |
Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Não lavar | Hidrata | Não lavar | Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Nutre | Não lavar |
Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Não lavar | Hidrata | Não lavar | Se lavar, hidratar entre shampoo e condicionador | Nutre | Não lavar |
Sim, desde que comecei o cronograma e a técnica de low poo eu tenho tentado lavar o cabelo apenas duas vezes por semana, mas caso seja necessário, posso lavar algumas vezes mais (tentando sempre não passar de 4 vezes na semana), sempre hidratando rapidamente entre o shampoo e o condicionador.
Eu pude notar a diferença já no primeiro mês, meu cabelo começou a ficar mais macio no toque, mais brilhoso, começou a cair menos e também percebi uma diferença significativa no formato dos cachos.
Eu não acho que adotar um cronograma capilar ou usar técnicas onde a gente precisa prestar maior atenção nos tipos produtos que uso me trouxe mais trabalho para cuidar do cabelo. Na verdade, eu sinto que agora estou mais consciente do processo, enquanto antes eu apenas fazia tudo de forma mecânica e não entendia direito o que estava rolando (e porque meu cabelo estava sempre fraco e sofrendo).
Produtos
Hoje em dia muitas marcas possuem produtos e até mesmo linhas completas para os métodos no e low poo. Lola Cosmetics, Inoar, Salon Line, Nazca… tem pra todos os gostos e tamanhos de verba.
Os meus preferidos, no entanto, são os que conheci logo quando aderi a técnica low poo: Eh!, Yamasterol amarelo, Neutrox Clássico e Kanechom Kids.
Amido de milho, gelatina sem sabor, azeite extra virgem, óleo de coco e linhaça quebraram a barreira da cozinha e começaram a estar presentes nas minhas receitas caseiras.
O que mudou
(Já citei acima e vou repetir aqui:)
Logo no primeiro mês pude sentir uma diferença grande na maciez do cabelo, percebi que ele começou a cair menos durante o desembaraço no banho e a mais chocante de todas as diferenças imediatas foi a mudança no formato dos meus cachos.
Deixa eu explicar melhor: desde a minha adolescência, meus cachos variavam entre cachos mais abertos e que perdiam o formato facilmente e tempos onde eles formavam cachos pequenos, bem fechados, com as voltas das molas entrando umas nas outras. Isso sempre me deu muito problema com nós (tanto em nós de uns fios nos outros, como nós nos próprios fios), além de colaborar muito para que meu cabelo não mostrasse muito do seu comprimento. Quando hidratei os cachos e eles se mantiveram hidratados eu descobri que eles na verdade não são tão vulneráveis como eu imaginava, nem tão fechados como eles acabavam ficando. Foi só depois de uns dois meses de low poo que eu pude finalmente entender onde exatamente meu cabelo se encontra naquelas tabelas de tipos de cachos que a gente encontra online.

Pra ser sincera, eu acho que meus cachos variam do 2C ao 3B na mesma cabeça, presentes ao mesmo tempo.
Mas além das mudanças na textura e no comportamento do meu cabelo, algo mudou dentro de mim (ui!).
Meu relacionamento com meu cabelo mudou completamente. Agora eu consigo saber exatamente do que meu cabelo precisa quando ele fica mais cansado. Eu entendo o que os produtos fazem por ele e consigo perceber se algo funcionou para o meu cabelo ou se o produto fez mal. Eu consigo estilizá-lo de maneiras mais variadas e sei como finalizá-lo para conseguir resultados diferentes.
Basicamente, nos dois últimos anos em que eu deixei de usar sulfato (e outros químicos no meu cabelo), eu comecei a me relacionar melhor com meu cabelo, comecei a encara-lo como algo que faz parte de mim e sobre o qual eu tenho poder. Ele não é apenas algo que eu não posso (nem quero, na verdade) mudar para algo completamente diferente, mas sim algo que eu posso cuidar e muda-lo para melhor, dentro daquilo que eu imagino ser o meu estilo.
Além disso, com o cabelo mais saudável, eu me senti mais segura para clareá-lo mais, para pintar de diversas cores diferentes e ele começou a crescer numa velocidade muito superior à qual crescia antes. Por isso mesmo eu passei a cortar meu cabelo em casa, depois de estudar bastante técnicas para corte de cabelo enrolado e agora consigo sempre mudar seu formato, sem perder muito do comprimento, o que sempre foi um desafio quando frequentava salões.
Conclusão
Acho que já concluí tudo o que tinha para concluir aqui em cima, quando refleti sobre o que mudou.
Tudo mudou.
Mas como imagens valem mais do que palavras, vou deixar algumas fotos aqui embaixo mostrando um pouco das mudanças pelas quais meu cabelo passou nos últimos dois anos. Os melhores dois anos.